segunda-feira, 22 de agosto de 2016

Rezai, Rezai muito


(Das Memórias da Irmã Lúcia) - "Dia 13 de Agosto de 1917 – Como já está dito o que neste dia se passou, não me detenho nisso e passo à aparição, a meu ver no dia 15, ao cair da tarde. Como ainda então não sabia contar os dias do mês, pode ser que seja eu a que esteja enganada; mas conservo a ideia que foi no mesmo dia em que chegamos
de Vila Nova de Ourém.


Andando com as ovelhas, na companhia de Francisco e seu irmão João, um lugar chamado Valinhos, e sentindo que alguma coisa de sobrenatural se aproximava e nos envolvia, suspeitando que Nossa Senhora nos viesse a aparecer e tendo pena que a Jacinta ficasse sem A ver, pedimos a seu irmão João que a fosse a chamar. Como ele não queria ir, ofereci‑lhe, para isso, dois vinténs e lá foi a correr.

Entretanto, vi, com o Francisco, o reflexo da luz a que cha­mávamos relâmpago; e chegada a Jacinta, um instante depois, vimos Nossa Senhora sobre uma carrasqueira.
– Que é que Vossemecê me quer?
– Quero que continueis a ir à Cova de Iria no dia 13, que continueis a rezar o terço todos os dias. No último mês, farei o milagre, para que todos acreditem.
– Que é que Vossemecê quer que se faça ao dinheiro que o povo deixa na Cova de Iria?
– Façam dois andores: um, leva‑o tu com a Jacinta e mais duas meninas vestidas de branco; o outro, que o leve o Fran­cisco com mais três meninos. O dinheiro dos andores é para a festa de Nossa Senhora do Rosário e o que sobrar é para a ajuda duma capela que hão‑de mandar fazer.
– Queria pedir‑Lhe a cura dalguns doentes.
– Sim; alguns curarei durante o ano.
E tomando um aspecto mais triste:
– Rezai, rezai muito e fazei sacrifícios por os pecadores, que vão muitas almas para o inferno por não haver quem se sacrifique e peça por elas.
E, como de costume, começou a elevar‑se em direcção ao nascente".

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