Em tempos de Natal talvez valha a pena parar um pouco e pensar no valor que estamos a dar ao mistério que celebramos. Deus, sem deixar de o ser, fez-se um de nós para nos tornar seus, resgatando-nos a preço de sangue, o sangue de Seu Filho, o seu sangue.
Por termos, dois dedos de capacidade e inteligência, dom de Deus, arvoramo-nos a ousadia e o direito de nos colocarmos no lugar de Deus, sem perceber o quanto Ele manifestou de entrega de Si mesmo,
assumindo a nossa condição.
Sendo o Tudo fez-se o "quase nada" no seio de uma mulher, uma criatura humana, assumindo e a colhendo todas as contingências humanas, exceto o pecado, do qual havia sido já liberta a mais bela, a mais perfeita das criaturas, Sua Mãe e Senhora nossa.
Diante das nossas recusas em O acolhermos e Lhe sermos fiéis, Ele fez-se obediência a José e a Maria. sim, Deus foi educado, guiado, alimentado, acarinhado, aquecido, protegido por eles. Foram eles que Lhe limparam as lágrimas, O levantavam quando caia, O ensinaram a caminhar, a falar, a rezar, a confiar...
Diante dos nossos "não dar o braço a torcer", Deus sempre, ao longo da História, se curvou perante nós para refazer a Aliança, o contrato de fidelidade entre a humanidade e Ele estabelecido e sempre por nós quebrado. Foi sempre, sempre será, a Misericórdia o "motor" da sua atuação. Não vejamos aqui fragilidade ou demasiada tolerância, mas Amor de que, em reta Justiça, seremos julgados e de que daremos contas.
Só porque é Misericórdia, Deus continua a ceder diante de nossas preces, contanto que seja feita a sua Vontade Santa. Sim, e a oração é isso mesmo: ato de confiança e comunhão, Aliança, entre Criador e criatura, Deus e Homem. Entendamos o "pedi e recebereis", o "se tiverdes fé como um grão de mostarda...". Não é isto cedência de Deus, o Criador, diante da criatura?
Ó grandeza de Deus, que se fez humildade! Ó orgulhosa insensatez a nossa, julgando ser mais que nada e ousando querer chegar mais além que os céus!
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