Quanto medo e quantas maquinações de
mal nascem quando uma criança, ainda que na sua inocência diga que quer ser
padre! Se na adolescência ou na juventude alguém assim se manifesta, tornam-se
mais severas tais maquinações por parte daqueles que se deixam ser instrumentos
do Mal, assim como os medos dos pais que, tornando-se pequeninos não veem além
do medo e perdem a o olhar da grandeza do dom e da graça que é vocação
sacerdotal de um filho seu. Não perde, porque Deus nada deixaria perder a quem
Lhe consagra um filho.
O sacerdote é escolhido por Deus, é
eleito, não por mérito ou valor seu, mas por puro dom de Deus, para integrar a
porção mais dignificante da sua vinha. Não há, repito, não há estado mais
dignificante para o ser humano, como o ser humano, como este de ser escolhido
pelo próprio Deus para ser dispensador dos seus dons e graças. Porque é
especial para Deus, porque e Ele é consagrado, o sacerdócio é também a
realidade mais odiada, mais perseguida, a mais atacada pelas forças do mal, que
atuam no mundo subtil ou claramente.
Só a força da oração e a confiante
certeza da permanente graça de Deus, a que se aliam os frutos do ministério,
embora não sendo seus mas de Deus, dão ao sacerdote a força e o ânimo para
caminhar. "Bem-aventurados sereis quando vos insultarem, e perseguirem e,
mentindo, disserem todo o mal contra vós, por minha causa. Exultai e
alegrai-vos, pois é grande nos céus a vossa recompensa" (Mt 5,11-12).
É verdadeiramente dom, graça, e
felicidade que o sacerdote se sinta despojado de si mesmo e, no meio dos seus muitos
pecados, se saiba amado e instrumento de Deus para Ele realize a Salvação.
Saber que, quando atua in persona Christi (na pessoa de Cristo) são suas as
palavras e os gestos, mas que é do próprio Deus a ação e a força que têm! Saber
que a Graça passa por si, que Deus se faz realmente presente quando pronuncia
as palavras da Consagração, que Deus se faz perdão, quando pronuncia as
palavras da Absolvição!
Porque a graça é dom gratuito, ela é
oferecida não apenas ao sacerdote, àquele que diz "sim" ao
chamamento, mas à família que disse o seu "sim", na consagração de um
filho, como também à comunidade que o ajuda a crescer. Naturalmente a graça
atua tanto quanto a abertura que se tem a ela. Se conhecêssemos o Dom de
Deus!!! (22-4-18)