sábado, 25 de fevereiro de 2023

Fugir das sombras?

 

Rufam a toda a brida os  tambores do escândalo. A Igreja tem nódoas, pecados, muitos pecados! Exatamente aqueles que são os meus, os teus e os de toda a multidão daqueles que são a Igreja. Puxam todas as pontas soltas  das quais possa estar um cheiro a notícia escandalosa, e ninguém escapa à acusação. Faz-se recair sobre todos a culpa de alguns, e não é apenas sobre os sacerdotes, mas, por osmose, também sobre aqueles que lhes são mais próximos, basta, simplesmente, ir à missa ainda que a ela presida o mais santo dos santos.

Não querem estas palavras deixar de condenar o pecado, o que está mal e que, como é natural, se torna motivo de escândalo. O que é mau é igualmente mau, seja perpetrado por quem for. Acontece, porém, que se for no seio da Igreja isso assume proporções de generalidade e abafa todo o bem que se faz.

As palavras aqui registadas não buscam chegar mais longe que ao coração daqueles que, sendo Igreja, se embrenham na luta permanente e constante por acolher e viver o dom e a graça da vida que Deus oferece e que acontece em Igreja, por mais pecadora que seja. A nossa fé, em muitas situações sobejamente frágil, corre o risco de tombar perante o agitar de algumas palavras, quanto mais diante do escândalo público!

E agora? Agora, não vamos deixar-nos chocalhar por todos os lados, tremendo diante da certeza de que os ataques são cerrados. Veremos, já vimos, muitos partir e deixar atrás de si os barulhos das palavras de revolta contra tudo e contra todos. Deixemo-los partir. Quando virmos que as nossas palavras, que devem ser sempre mais acolhedoras que agitadoras, não produzirão efeito, fique-nos o silêncio e a entrega orante nas mãos de Deus. Lamentemos e reparemos o mal, mas empenhemo-nos em fazer bem, sem fugir diante da primeira oportunidade que surgir para o fazer com estrondo. Se uma árvore podre cai, não temos que fugir da floresta, porque muitas outras permanecem de pé e dão flor, fruto e sombra. Fraco não é quem permanece na luta, mas aquele que debanda diante o primeiro som da sirene que anuncia o ataque inimigo, ou aquele que abandona as férias só porque caíram uns pingos de chuva.


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