“Aqueles que se aproximam do sacramento da Penitência obtêm da misericórdia de Deus o perdão da ofensa a Ele feita e, ao mesmo tempo, são reconciliados com a Igreja, que tinham ferido com o seu pecado, a qual, pela caridade, exemplo e oração, trabalha pela sua conversão”. É chamado sacramento da conversão, porque realiza sacramentalmente o apelo de Jesus à conversão e o esforço de regressar à casa do Pai, da qual o pecador se afastou pelo pecado.
É chamado sacramento de Penitência, porque consagra uma caminhada pessoal e eclesial de conversão, de arrependimento e de satisfação por parte do cristão pecador.
É chamado sacramento da confissão, porque o reconhecimento, a confissão dos pecados perante o sacerdote é essencial deste sacramento. Num sentido profundo, este sacramento é também uma “confissão”, reconhecimento e louvor da santidade de Deus e da sua misericórdia para com o homem pecador.
É chamado sacramento do perdão, porque, pela absolvição sacramental do sacerdote, Deus concede ao penitente “o perdão e a paz”.
É chamado sacramento da Reconciliação, porque dá ao pecador o amor de Deus que reconcilia: “Deixai-vos reconciliar com Deus” (2Cor 5,20). Aquele que vive do amor misericordioso de Deus está pronto para responder ao pelo do Senhor: “Vai primeiro reconciliar-te com teu irmão” (Mt 5, 24).
Jesus chama à conversão. Tal apelo é parte essencial do anúncio do Reino: “O tempo chegou ao seu termo, o Reino de Deus está próximo; convertei-vos e acreditai na boa-nova” (Mc 1, 15).
Ora, o apelo de Cristo à conversão continua a fazer-se ouvir na vida dos cristãos. Esta segunda conversão é uma tarefa ininterrupta para toda a Igreja, que “contém pecadores no seu seio” e que é, “ao mesmo tempo, santa e necessitada de purificação, prosseguindo constantemente no seu esforço de penitência e de renovação”. Este esforço de conversão não é somente obra humana. É o movimento do “coração contrito”, atraído e movido pela graça para responde ao amor misericordioso de Deus, que nos amou primeiro.
Como já acontecia com os profetas, o apelo de Jesus à conversão e à penitência não visa primariamente as obras exteriores, “o saco e a cinza”, os jejuns e as mortificações, mas a conversão do coração, a penitência interior. Sem ela, as obras de penitência são estéreis e enganadoras; pelo contrário, a conversão interior impele à expressão dessa atitude em sinais visíveis, gestos e obras de penitência.
(…)
O coração do homem é pesado e endurecido. É necessário que Deus dê ao homem um coração novo. A conversão é, antes de mais, obra da graça de Deus, a qual faz com que os nossos corações se voltem para Ele: “Convertei-nos, Senhor, e seremos convertidos” (Lm 5, 21). Deus é quem nos dá a coragem para começar de novo.
O coração humano converte-se, ao olhar para Aquele a quem os nossos pecados trespassaram: “Tenhamos os olhos fixos no sangue de Cristo e compreendamos quanto Ele é precioso para seu Pai, pois que, derramado para nossa salvação, proporcionou ao mundo inteiro a graça do arrependimento”.
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O pecado é, antes de mais, ofensa a Deus, ruptura da comunhão com Ele. Ao mesmo tempo, é um atentado contra a comunhão com a Igreja. É por isso que a conversão traz consigo, ao mesmo tempo, o perdão de Deus e a reconciliação com a Igreja, o que é expresso e realizado liturgicamente pelo sacramento da Penitência e Reconciliação.
Só Deus perdoa os pecados. Jesus, porque é Filho de Deus, diz de Si próprio: “O Filho do Homem tem na terra o poder de perdoar os pecados” (Mc 2, 10) e exerce este poder divino: “Os teus pecados são-te perdoados!” (Mc 2, 5). Mais ainda: em virtude da sua autoridade divina, concede este poder aos homens para que o exerçam em seu nome.
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A confissão (a acusação) dos pecados, mesmo de um ponto de vista simplesmente humano, liberta-nos e facilita a nossa reconciliação com os outros. Pela confissão, o homem encara de frente os pecados de que se tornou culpado; assume a sua responsabilidade e, desse modo, abre-se de novo a Deus e à comunhão da Igreja, para tornar possível um futuro diferente.
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