sábado, 2 de julho de 2016

No Meio de Lobos

Ao ler o Evangelho da missa de hoje (03-07-2016), encontramos alguns aspetos que facilmente nos podem levar à reflexão, que, naturalmente, cada um fará segundo a sua sensibilidade. 
A que partilho assenta no
facto de Jesus dizer, porque continua a dizer, que manda os discípulos para o meio de lobos. Com facilidade todos nós pensamos na dificuldade da evangelização por causa dos que não crêem, dos que não praticam, dos que não querem Deus nas suas vidas.
Deixemos esses para lá, não porque não precisem da nossa oração, e lancemos o nosso olhar para bem mais perto, para dentro das nossas igrejas. Aí encontramos algumas dezenas ou centenas de pessoas que, em cada domingo, se reúnem para celebrar, a não ser que para alguns de nós haja uma outra qualquer coisa que nos dê mais prazer e que, com facilidade, se sobrepõe à oração. 
Aí, nas nossas igrejas encontramos um gru

po de gente, um pequeno número daqueles que são batizados, daqueles que afirmaram acreditar e viver em Deus. Julgamos que esses são os "menos maus". Primeiro não temos que julgar nada nem ninguém. Também não podemos cair no facilitismo de pensar e dizer que "o que importa é ser-se bom". Jesus responde claramente que "Só Deus é bom".
Quem não se sente integrado na vida das comunidades, naturalmente, tudo faz para que o seu mau estar seja escondido pela censura àqueles que estão minimamente participativos.
Deixando esse que "estão fora", voltemos para dentro da igreja e se lançarmos um olhar pelas pessoas lá presentes, mais ou menos sabemos quem são, porque geralmente ocupamos os  mesmos  lugares  e acreditemos numa coisa: ninguém é como nós o vemos. A pessoa que temos a nosso lado tem pecados que não nos passam pela mente e tem graça de Deus e coisas boas que também não podemos imaginar. 
Porque ao julgar estamos redondamente enganados, o melhor é desviarmos a atenção dele para a fixarmos em nós, sim, nós (eu, tu) também lá estamos dentro, e temos pecados que ninguém sonha e temos graças que não passam pela cabeça de ninguém. 
E se em vez de estarmos a olhar para fora despejarmos todo o olhar para dentro de nós a ver o que por lá anda? Ui meu Deus, tanta porcaria e tanta coisa boa também! Querendo ir mais ao fundo, vamos ter que remexer em muita coisa lá dentro e ir, pouco a pouco, tirando para o lado o que está a perturbar a visão do fundo de nós mesmos. Cheira mal, tem espinhos, faz doer... Mas faz também perceber que nem mesmo nós somos o que julgamos.
No meio de tanta miséria consegui-mos encontrar Deus, na sua Misericórdia, mas também na sua  reta Justiça que, por ser justamente reto, não deixa passar nada em vão. Recomeçar sempre, porque Deus acredita e confia nos lobos, no meio dos quais está metido: nós.

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